"These walls have seen so much of me
all my
faces and different lives
all my
likes and dislikes
all the
friends I had and lost
all the
new friends and stuff I have found
And also,
they have seen me cry to sleep
because
of uncorresponded love
because
of the friendships I lost through the years
because
of all the drama I create
because
of all the creativity I bury inside
But, more
importantly,
they have
seen the person that I’m growing to be
and all
the dreams I have to conquer
all the
stuff I have had to embrace
all the
love I discovered for myself
all the
forgiveness and writing I have done
and I
wish they are not ashamed
So, when
people tell me they know me
my answer
is always no, you don't
those who
know me have had to be with these walls in my bedroom
those who
really know me have had to be in my room
because
besides God, these walls are the only ones that truly know me"
Cheguei à conclusão de que o meu quarto em
Aveiro se parece muito com o meu quarto de infância, talvez porque entre o meu
quarto de infância e o de agora só tive 1 quarto que se tornou verdadeiramente
o meu espaço. Durante a universidade, dividi durante três anos dois quartos com
a M e durante esses anos, os meus pais mudaram de casas pelo menos três vezes,
três casas nas quais tive sempre um quarto para ter as minhas coisas, ir passar
uns fins de semana e os verões, mas nunca foram quartos em que me senti
realmente em casa. Foi nesta fase que aprendi a desligar-me da ideia que espaço
é casa e apesar de ter a necessidade de o espaço mais meu possível para ajudar
com a ansiedade, foi sempre um ponto difícil nestes anos específicos.
Depois de ter terminado a licenciatura,
durante 1 ano tive um quarto em Faro, aquela casa que parecia minha, aquele
quarto onde vivi tanto, onde fui construindo a minha vida só para a ver
desmoronar, onde havia tanta pressão, mas onde me curei tanto - a difícil
transição depois da faculdade. Foi um quarto onde tinha tudo meu, levei 90% das
minhas coisas para lá, decorei-o realmente, e em um ano mudei-o tantas vezes
para as diferentes fases que tive lá.
Em 2020, quando os meus pais perderam o
apartamento, e me despedi do meu quarto que me viu viver tanto, escrevi o poema
inicial sobre aquelas paredes, e este ano escrevo sobre estas novas paredes.
Se estas paredes falassem, já poderiam contar
tantas histórias em apenas oito meses, tanta vida foi vivida aqui. Histórias de
pessoas a tornarem-se família, novas amizades a crescer e das que terminaram
antes de começar, de amores a nascer, sessões de choro e de pintura, e muito
mais.
Se estas paredes falassem, contariam como
estou muito melhor desde que aqui cheguei, como conheceram o meu primo mais
novo no mesmo dia que eu, dos filmes horrivelmente questionáveis e dos grandes
momentos de riso, da terapia e de escrever tanto, de tantos objetivos cumpridos
e dos que vão ficando para trás.
Estas paredes contariam como a pressão
diminuiu pouco a pouco todos os dias, mesmo nos mais difíceis, como a ansiedade
vai desaparecendo mas ainda volta às vezes e como desfruto muito mais da vida.
Estas paredes que no início tinham fotos que trouxe do Algarve na esperança de me fazerem sentir mais em casa e menos sozinha, agora têm histórias daqui para me relembrar que cada novo início é maravilhoso e de não ter medo do desconhecido.
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