if these walls could talk - versão 2025

 "These walls have seen so much of me

all my faces and different lives

all my likes and dislikes

all the friends I had and lost

all the new friends and stuff I have found

 

And also, they have seen me cry to sleep

because of uncorresponded love

because of the friendships I lost through the years

because of all the drama I create

because of all the creativity I bury inside

 

But, more importantly, 

they have seen the person that I’m growing to be

and all the dreams I have to conquer

all the stuff I have had to embrace

all the love I discovered for myself

all the forgiveness and writing I have done

and I wish they are not ashamed

 

So, when people tell me they know me

my answer is always no, you don't

those who know me have had to be with these walls in my bedroom

those who really know me have had to be in my room

because besides God, these walls are the only ones that truly know me"

 

Cheguei à conclusão de que o meu quarto em Aveiro se parece muito com o meu quarto de infância, talvez porque entre o meu quarto de infância e o de agora só tive 1 quarto que se tornou verdadeiramente o meu espaço. Durante a universidade, dividi durante três anos dois quartos com a M e durante esses anos, os meus pais mudaram de casas pelo menos três vezes, três casas nas quais tive sempre um quarto para ter as minhas coisas, ir passar uns fins de semana e os verões, mas nunca foram quartos em que me senti realmente em casa. Foi nesta fase que aprendi a desligar-me da ideia que espaço é casa e apesar de ter a necessidade de o espaço mais meu possível para ajudar com a ansiedade, foi sempre um ponto difícil nestes anos específicos.

Depois de ter terminado a licenciatura, durante 1 ano tive um quarto em Faro, aquela casa que parecia minha, aquele quarto onde vivi tanto, onde fui construindo a minha vida só para a ver desmoronar, onde havia tanta pressão, mas onde me curei tanto - a difícil transição depois da faculdade. Foi um quarto onde tinha tudo meu, levei 90% das minhas coisas para lá, decorei-o realmente, e em um ano mudei-o tantas vezes para as diferentes fases que tive lá.

Em 2020, quando os meus pais perderam o apartamento, e me despedi do meu quarto que me viu viver tanto, escrevi o poema inicial sobre aquelas paredes, e este ano escrevo sobre estas novas paredes.

Se estas paredes falassem, já poderiam contar tantas histórias em apenas oito meses, tanta vida foi vivida aqui. Histórias de pessoas a tornarem-se família, novas amizades a crescer e das que terminaram antes de começar, de amores a nascer, sessões de choro e de pintura, e muito mais.

Se estas paredes falassem, contariam como estou muito melhor desde que aqui cheguei, como conheceram o meu primo mais novo no mesmo dia que eu, dos filmes horrivelmente questionáveis e dos grandes momentos de riso, da terapia e de escrever tanto, de tantos objetivos cumpridos e dos que vão ficando para trás.

Estas paredes contariam como a pressão diminuiu pouco a pouco todos os dias, mesmo nos mais difíceis, como a ansiedade vai desaparecendo mas ainda volta às vezes e como desfruto muito mais da vida.

Estas paredes dir-vos-iam que estou novamente apaixonada por sentir o sol na cara, que quase todos os dias de manhã tenho ido para a varanda beber café a apanhar sol e à tarde vou para a sala apanhar mais sol, que sou apaixonada pelos dias de vento porque me fazem sentir em Lagos, que me apaixonei por um novo pôr do sol e por ver as flores a crescerem de novo, apaixonada por viver - e que, por si só, é a maior realização dos últimos oito meses!
Estas paredes que no início tinham fotos que trouxe do Algarve na esperança de me fazerem sentir mais em casa e menos sozinha, agora têm histórias daqui para me relembrar que cada novo início é maravilhoso e de não ter medo do desconhecido.

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