The beauty is in the eye of the beholder

 A minha melhor amiga ofereceu-me uma sweat no secundário que tem escrito nas costas “The beauty is in the eye of the beholder” – na universidade fiquei conhecida por esta sweat. A sweat é simples, cinzenta e clássica, mas a frase é o que tem mais impacto, é o que a torna bela.

Foi uma frase que acabou por me trazer muito ensinamento, não só pelo entendimento em si, mas pelas conversas que acabou por gerar entre amigos e colegas. Pela verdade que carrega – a beleza nunca está nas pessoas nem nas coisas, mas em nós que damos ou não beleza.

Numa fase que talvez estejamos a sentir mais dor ou estejamos de luto é mais difícil ver a beleza nas coisas à nossa volta – nos estudos, no trabalho, nas coisas, na rotina, na natureza e até nas pessoas. Porque a dor, o luto, a tristeza e até o rancor, eles roubam-nos essa habilidade de ver o bom, o belo daquilo que vemos, ouvimos, vivemos.

Acredito e vivo de uma maneira que não me deixa fugir disso, hoje consigo passar por uma fase menos bonita e não ver o belo, mas sei-o, tenho consciência que o meu próprio inconsciente está a lutar contra mim própria, que ele não me deixa viver a vida até ao melhor. Sou uma pessoa que naturalmente vê o positivo, o bonito, o belo em tudo. Quando era mais nova o meu pai até dizia que eu era extremamente inocente por isso, que não tinha vivido o suficiente, que não tinha trabalhado a sério no mundo dos negócios para saber diferente – na altura achava isso extremamente mau, queria crescer, queria saber, queria viver, mas apesar de tudo sinto que aproveitei os meus tempos de inocência e olho para trás e sei que fui inocente em muitos momentos em que já tinha conhecimentos suficientes para lidar com situações e ainda assim escolhi ver o bom nas pessoas, escolhi ser esperançosa e não me acho menos por isso, não me peso nem culpo por isso.

Existiram momentos que sim, não consegui ver belo, situações em que a dor e a tristeza realmente clamaram mais alto para serem vividas e está tudo bem com isso também. Não precisamos estar bem o tempo todo e acredito que quando fazemos as pazes com isso melhor ainda, sempre no nosso tempo, até porque torna-nos mais fortes conseguirmos distinguir as fases e termos consciência de nós próprios, do que sentimos, dos comportamentos e das reações.

A beleza está sempre à nossa volta, mas algumas vezes é mais fácil vê-la do que em outras. No entanto, não acho que devemos deixar a dor e o trauma nos causarem danos suficientes que não consigamos voltar ao estado de ver beleza.

Penso nisto como umas lentes, não apenas por ter a real experiência de usar óculos e lentes para viver, mas acredito que seja uma metáfora muito boa nesta situação. A dor e o trauma e demais tornam-se uma lente escura, que nos afasta da beleza, nos fazem focar em mais na dor e na tristeza, nos pesadelos, medos, traumas e outros, mas quando lutamos por ver beleza lutamos para conseguir sentir felicidade de novo, ver o belo, gostar de sentir o quente do sol na cara, apreciar os mais pequenos momentos e o mais simples sorriso.

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